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Neige et Noirceur - Hymne III




O black metal é provavelmente o subgénero musical mais obscuro que existe. Não é qualquer proto melómano que consegue entrar à primeira na sua beleza. Não é fácil de entender, não é fácil de ouvir, não é fácil de seguir. É preciso mergulhar bem fundo nas suas águas turvas, negras, gélidas, para conseguir entender qual o seu fascínio, qual a sua intensidade. E como se sonoramente já não fosse simples de acompanhar, ainda há o bónus de ser um movimento muito disperso, por editoras e bandas que raramente conseguem ser conhecidas por mais que um punhado de convertidos que buscam incessantemente por novas bandas e sonoridades.
Mas de vez em quando, um som rasga o negro. Um som gelado, cortante, intenso… Neige et Noirceur. Uma banda canadiana, que talvez inspirada pelo gelo e pela neve, recria um som de uma vastidão gelada, com um riff de guitarra que abre a música como vento gelado, e mistura esse riff transbordando black metal por todos os poros com algumas passagens de doom. O resultado final é uma bela peça musical, feita de extremos. Ou como o black metal, ao contrário do que os seus mais ferrenhos puristas defendem, não perde a sua essência ao evoluir e mesclar-se com outros géneros. O black metal na sua essência primordial é um som feito de gelo e intensidade. E felizmente não estagnou, antes pelo contrário, mantém-se tão válido e refrescante como aquando da sua génese.

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