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Neige et Noirceur - Hymne III




O black metal é provavelmente o subgénero musical mais obscuro que existe. Não é qualquer proto melómano que consegue entrar à primeira na sua beleza. Não é fácil de entender, não é fácil de ouvir, não é fácil de seguir. É preciso mergulhar bem fundo nas suas águas turvas, negras, gélidas, para conseguir entender qual o seu fascínio, qual a sua intensidade. E como se sonoramente já não fosse simples de acompanhar, ainda há o bónus de ser um movimento muito disperso, por editoras e bandas que raramente conseguem ser conhecidas por mais que um punhado de convertidos que buscam incessantemente por novas bandas e sonoridades.
Mas de vez em quando, um som rasga o negro. Um som gelado, cortante, intenso… Neige et Noirceur. Uma banda canadiana, que talvez inspirada pelo gelo e pela neve, recria um som de uma vastidão gelada, com um riff de guitarra que abre a música como vento gelado, e mistura esse riff transbordando black metal por todos os poros com algumas passagens de doom. O resultado final é uma bela peça musical, feita de extremos. Ou como o black metal, ao contrário do que os seus mais ferrenhos puristas defendem, não perde a sua essência ao evoluir e mesclar-se com outros géneros. O black metal na sua essência primordial é um som feito de gelo e intensidade. E felizmente não estagnou, antes pelo contrário, mantém-se tão válido e refrescante como aquando da sua génese.

Sigur Rós - Varúð


Se há banda na qual um vídeo-clip é superfulo, essa banda são os Sigur Ros. A sua música é tão intensa, pessoal, intima, que deve ser ouvida de olhos fechados, e as imagens que nos afloram a mente, de tão intimas, de tão intensas, não podem ser reproduzidas massivamente, num vídeo para todos verem as mesmas imagens.

Se há banda que usa os vídeos de uma forma artística sem precedentes, cujos vídeos são mais que provavelmente os melhores vídeos que uma banda alguma vez fez, essa banda são os Sigur Ros.

Mas apesar da beleza avassaladora dos vídeos, apesar de obras de arte irreais de uma beleza quase fantasmagórica, a música essa é soberana. Há quem diga que a sua música é a música de anjos na Terra, uma beleza que não é deste mundo, uma intensidade tal capaz de esmagar qualquer pessoa que a ouça. Eles dizem que a sua música não tem classificação, não é parecida com nada que foi feito até hoje, eles fazem música para mudar a Música, apenas isso. Quem os ouve, não consegue ficar indiferente, é verdade, há um antes e um depois, qualquer músico depois de os ouvir sabe perfeitamente que a música está a entrar num novo paradigma, em que o som já não são notas (como Bach as formatou), já não são cores (como Hendrix as via), não... São emoções, são sons capazes de interagir com o ouvinte a um nível emocional, físico. Basicamente o que a grande Música sempre foi, mas nunca, nunca, nunca, a este nível!

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