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Rosa Negra - Fado Ladino




No meio da febre recente pelo novo fado, muita coisa fica de fora. Este disco foi editado cedo demais na minha opinião, ninguém lhe ligou nenhuma. Passados cinco anos, só se ouve fado nas rádios e nas televisões, parece que Portugal de repente acordou novamente para ele. mas como sempre nestes histerismos colectivos, muita coisa é atropelada, e esta canção mereceria muito mais do que o desconhecimento generalizado. Sim... Esta música tem algo de ilegal, muito de ilegal até. É um plágio descarado duma canção turca (salvo erro, já não me lembro bem de quem é o original, e também não fui procurar), mas para o que nos interessa, isso acaba por ser irrelevante. O que fica é uma melodia fenomenal, arranjos de um bom gosto tremendo, de uma beleza serpenteante, uma dança sonora de uma sensualidade quente, etérea... No fundo, aquilo que o fado tem de melhor, mas actualizado. Não por o "velho fado" ser obsoleto, a música quando é boa nunca é obsoleta, mas pegando em todas as ferramentas à disposição e criar algo superior. Ok... Não foi criar, foi copiar, roubar. Mas até ai é um fado perfeito, porque o fado também não é mais que uma reinvenção de musica oriental, árabe. E estes Rosa Negra fizeram um excelente trabalho nisso.

No meio de toda a nova vaga de fado, com ou sem plágio, esta é a mais bela reaproximação ao fado no séc. XXI.

Iced Earth - Dracula




No sempre constante desfilar de novas músicas que saem no mercado, por vezes sabe bem voltar atrás no tempo. A primeira vez que ouvi esta música, tinha menos dez anos em cima, a vida era outra. Mas a sensação que tive ao ouvir esta música, essa, mantém-se imútavel.

Esta música pode analisar-se em 4 partes. A música na introdução e a sua letra. E a segunda parte da música e a sua letra.

Na introdução é uma balada, e que bela balada. Um lick delicado na guitarra, uma voz quente e sussurrada, melódica. Uma beleza pop, no mais puro sentido da palavra. A letra... A letra é um belo poema de perda de amor. Ideal para qualquer pessoa com mal de amores.

"Do you believe in love?
Do you believe in destiny?
True love may come only once in a thousand lifetimes...
I too have loved...they took her from me,
I prayed for her soul....I prayed for her peace

When I close my eyes
I see her face, it comforts me
When I close my eyes
Memories cut like a knife"


Na segunda parte, uma música tipicamente heavy metal com um ritmo acelerado, riffs cortantes, solos melódicos, voz poderosa. E a letra enfim desvenda-se. É uma música sobre o mito de Drácula. pois esta música pertence a um disco temático, sobre personagens de ficção de horror.

E no meio? Bem... No meio é a explosão mais explosiva que se pode imaginar! Relembrem ou descubram!!!!

Diabolical Masquerade - Ravenclaw




Num estilo que procura ser o mais estremo possível, por vezes são editadas musicas com um sentido quase pop que são uma agradável surpresa. Servem apenas para nos mostrar que o black metal não é um estilo apenas de violência, extremismo e intensidade quase insuportável. É também um estilo de beleza, uma beleza quase pura, primordial. E esta "Ravenclaw" é um excelente exemplo disso. Bebendo bastante de Bathory, pega na tradição musical nórdica, e junta-lhe a intensidade do melhor metal extremo. Com uma melodia serpenteante, que cresce em intensidade, que rasga os nossos sentidos com uma simplicidade desconcertante. A música, seja ela de que estilo for, deveria ser assim. Bela e cativante.

Scott Amendola Band - Masters Of War (Bob Dylan cover)

Existem dezenas, talvez centenas, de grandes músicas que falam da guerra. No período áureo da música popular no séc. XX a guerra do Vietname estava no auge, e como tal toda a gente tinha algo a dizer. Mas no meio de todas essas músicas, no meio de tanto que se escreveu e cantou, entre tanta gente que em tantos momentos alguma vez quis dizer algo sobre a guerra, há uma canção que se destaca. Uma canção simples, com uma letra simples, que consegue atingir a verdade do que é a guerra. Não tivesse sido ela escrita pelo Profeta, um miúdo, que armado de uma guitarra e uma ingenuidade surpreendente, cantou a melhor música sobre a guerra que alguma vez alguém escreveu. Porque nessa singela letra estava toda a verdade do que é e para que servem as guerras. Falo claro está de Bob Dylan, e a sua fantástica e genial "Masters Of War". Se algo há a dizer da sua genialidade, basta propor-vos um desafio, ouvirem a musica, e prestarem atenção na letra. Incrivelmente actual, apesar de ter sido escrita há quase 50 anos. mas como disse, Dylan nessa música conseguiu atingir o cerne, o coração do que é a guerra.

Existem um sem número de versões dessa música. geralmente bastante fiéis ao original, apenas melhor interpretadas, como é apanágio de quem faz versões de Dylan. Mas a versão que vos trago, foge bastante do original. Antes desfaz a música e transforma o que é uma simples música folk, numa viagem hipnótica em tons de free-jazz. Uma bateria sincopada, que marca todo o ambiente da canção, uma voz feminina que deambula quase hesitantemente no inicio, e uma guitarra que entra sorrateira para encorpar a canção. Depois disso, a música cresce e cresce até ao delírio final, acompanhando a intensidade da letra, que cresce até à apoteose final.

Fazer versões de Dylan é um exercício que praticamente todos os nomes grandes da história da música fizeram. Falamos claro, daquele que é provavelmente o melhor compositor de sempre da música rock. Mas geralmente os artistas cingem-se á música, que por mais bela que seja acaba sempre por ser apenas o leito onde a letra se deita. Nesta versão, a Scott Amendola Band, pegou naquilo que é mais forte em Dylan, a letra, e fez a sua versão a partir dela. O resultado é avassalador.


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