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Carpathian Forest - Journey Through The Cold Moors Of Svarttjern


Um dos adjectivos mais caros ao black metal é "gélido". E poucas canções conseguem ser tão gélidas quanto esta Journey Through The Cold Moors Of Svarttjern. Com uma produção, como se quer no estilo, caseira, quase amadora, o que os Carpathian Forest fazem nesta música, é uma viagem hipnotizante pelo gelo dos mais profundos abismos da natureza humana. Uma guitarra acústica numa cadência quase pop, ou folk, e um teclado que grita um riff repetitivo, quase encantatório, como se fosse um coro numa qualquer catedral gélida e escura, perdida numa montanha, perdida na eira de uma floresta negra. E como transpôs tal beleza? Com uma guitarra eléctrica, distorcida, fria e gelada, a acompanhar o teclado, e uma voz rasgada que aumenta ainda mais o encantamento, levando o todo a um qualquer estado sublime de encantamento.

Talvez não para todos os ouvidos, tais abismos não são confortáveis a todas as almas, mas ao deleitar-mo-nos com a bela melodia emanada nesta música pelos Carpathian Forest, uma certeza nos atinge. Há momentos em que a Música consegue ser sublime. Como este.

John Mayall - Jenny

De todas as formas musicais existentes, poucas conseguem ser tão influentes quanto o blues. Apesar de o blues puro ser algo a que nem toda a gente tem acesso, a verdade é que a sua disseminação pela música popular do séc. XX foi de tal forma brutal, que não é grande exagero dizer que toda a música do séc. XX tem a sua base nessa forma artística nascida nos campos de algodão do Sul dos Estados Unidos da América. Embora os seus pais fundadores tenham morrido na miséria e sejam nomes ainda hoje desconhecidos do grande público, a sua influência atingiu proporções planetárias, e não há um único nome dos grandes artistas que não preste vassalagem a esse género.

John Mayall não é o exemplo mais brilhante deste universo riquíssimo, mas como a música é feita de momentos, de canções por vezes isoladas, de inspirações repentinas, ou como alguns dizem, divinas, nunca é demais relembrar uma grande canção como é "Jenny".

Num ritmo compassado, dolente até, somos embalados por uma voz suave, de tonalidades quentes, enquanto duas guitarras dialogam, uma a marcar o ritmo, acompanhando a harmonia da voz, a outra colocando pequenos apontamentos subtis, quase imperceptíveis, enchendo o som, cobrindo-o de uma vibração veraneante. Apetece sentarmos-nos na cadeira mais confortável, acender um cigarro, apagar as luzes, fechar os olhos e imaginar um pôr do Sol, enquanto o mar sereno nos molha os pés... Uma música belíssima, a descobrir.

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Virgin Black - Museum of Iscariot I Stagnation II

Existem músicas que nos arrebatam logo na primeira audição. E há músicas ainda mais raras que nos continuam a arrebatar por mais que as ouçamos. Esta é uma delas... Quando a música arranca, com uma guitarra acústica a dedilhar as cordas de um modo suave e gentil, e a voz nos arrebata com a sua beleza transcendental, nós temos a certeza que o que nos espera é uma viagem bela. Mas há medida que a canção evolui, essa primeira ideia é completamente dilacerada, não, esta música não é bela, é algo superior a isso, é emoção à flor da pele, é aquele solo que nos leva ao céu, é a voz que nos embala antes de nos fazer pular o coração num crescendo que passa algures por um ritmo que nos faz dançar, abanar a cabeça, antes de suspender por momentos a nossa atenção num teclado que apenas abre o caminho para um outro solo que nos pega na mente e nos faz pairar por paisagens cheias de luz... Antes do seu final... Antes da certeza que esta música terá grande rotação na nossa vida, e muito antes da certeza, que muitos anos depois dessa primeira audição, ela ainda nos faz sentir exactamente o mesmo...

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